As estratégias apontadas por especialistas para combater alguns dos vícios mais comuns
Tudo se passa no cérebro. Quando recorremos a um comportamento aditivo produzimos neurotransmissores, como a dopamina, que ativam os circuitos do prazer (sistema de recompensa) e, por isso, sentimo-nos bem.
"O recurso repetido ao elemento viciante provoca duas adaptações, nomeadamente tolerância e sensibilização dos circuitos dopaminérgicos", explica Cátia Carmona, neurologista.
Esses circuitos estão "intimamente ligados ao sistema límbico, envolvido na criação das emoções e da memória", acrescenta ainda a especialista do HPP Hospital de Cascais. A cada consumo, é disponibilizada uma quantidade maior de dopamina, mas são precisos consumos cada vez maiores para a obtenção do mesmo grau de prazer.
"Quando há predisposição genética para o vício, o excesso de dopamina altera a capacidade de regulação que os centros frontais possuem para inibir o sistema de recompensa, levando a um comportamento compulsivo", explica, esteja em causa o tabagismo, a ingestão de açúcar ou mesmo o hábito de roer as unhas ou navegar nas redes sociais. Para cada um deles existem várias soluções. Fomos em busca da melhor para cada caso.
Açúcar e doces
imagem: SmartLife.com.br |
A melhor forma de o combater é comer várias vezes durante o dia para manter os níveis de açúcar no sangue equilibrados e reduza gradualmente a adição de açúcar nos alimentos e bebidas, sem o substituir por adoçantes. Eliminar o consumo de alimentos açucarados de forma abrupta ou fazer uma restrição drástica aumenta a frustração levando a uma maior ingestão são erros que não deve cometer.
Roer as unhas
Visto como um hábito infantil pode manter-se na idade adulta devido a vários fatores. A solução passa por identificá-los. Deve abandonar este vício para preservar a saúde das suas mãos, uma vez que este gesto "provoca danos nas unhas e nas cutículas, que se tornam incapazes de cumprir a sua função de proteção. Pode ocorrer uma inflamação crónica da matriz da unha, que pode ficar permanentemente deformada", refere Manuela Cochito, dermatologista.
A melhor estratégia para largar este vício passa pelo recurso a terapia comportamental. "Tem como objetivo identificar os fatores associados a este hábito e a sua substituição por outro mais construtivo, saudável ou adequado à pessoa, como por exemplo, mascar transitoriamente pastilha elástica", refere Vítor Cotovio, psicoterapeuta.
"É também importante afastar a pessoa dos estímulos que provocam este hábito", explica o psicoterapeuta, bem como dificultar o acesso ao mesmo. "Numa mulher que seja um pouco vaidosa, a utilização de um verniz específico com mau sabor pode desencorajar o vício", refere Manuela Cochito, dermatologista. Adiar a procura de ajuda especializada, um erro comum, surge no topo das coisas que nunca deve fazer.
Tabaco
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"A pele dos fumantes perde flexibilidade e brilho e envelhece mais depressa. São cada vez mais comuns os conflitos conjugais por causa do tabaco, até nas amizades, onde fumadores e não fumadores se dividem por questões práticas, como a escolha do restaurante. Um fumante que gaste, em média, quatro Reais por dia tem uma despesa de 1500 Reais por ano", explica ainda.
A melhor estratégia exige tenacidade e persistência. "Não desistir à primeira tentativa. As estratégias para deixar de fumar são muitas e é possível que não encontre a ideal para si à primeira tentativa. Não se deixe levar pelo sentimento de desesperança, frequente após uma primeira tentativa falhada e tente novamente, com mais recursos ou com a ajuda de um profissional", acrescenta o especialista.
O que nunca fazer é um erro que muitos ex-fumantes acabam por cometer muitas vezes. "Após abandonar o vício não caia no erro de fumar só um cigarro, mesmo que já tenha passado alguns meses ou anos sem fumar. Será sempre um ex-fumante e a probabilidade de voltar ao vício é muito elevada", sublinha o coordenador da Linha SOS Deixar de Fumar.
Internet e celular
O seu uso compulsivo promove a solidão e o isolamento e pode levar a quadros de depressão, síndrome de pânico, perturbações obsessiva compulsiva e bipolar. Se não consegue passar sem internet existem comportamentos que deve adotar urgentemente:
imagem: Superinteressante |
– Faça um registo diário dos acessos às redes sociais e do tempo de utilização.
– Diminua os limites sempre que alcançar o objetivo.
Se o seu vício é o celular também existem gestos e ações para mudar rapidamente:
- Coloque o telefone em silêncio e sem vibrar.
- Evite utilizá-lo para aceder à Internet, definir alarmes ou ver as horas.
- Estabeleça horários fixos para ver se tem novas chamadas ou sms.
- Evite utilizá-lo para aceder à Internet, definir alarmes ou ver as horas.
- Estabeleça horários fixos para ver se tem novas chamadas ou sms.
Adaptado do Texto: Cláudia Pinto com Cátia Carmona (neurologista), Manuela Cochito (dermatologista), Miguel Rego (nutricionista), Paulo Vitória e Sílvia Victor (psicólogos clínicos) e Vítor Cotovio (psiquiatra e psicoterapeuta)
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