quinta-feira, 31 de julho de 2014

CARTAS AO COACHEE #1



Todo mundo tem algo a resolver, por mais decididos e motivados, sempre há um novo desafio com o qual lidar, afinal estamos vivos, sujeitos à sua dinâmica insaciável de novidades. Porém, nem sempre temos clareza na forma de pensar, o que nos leva a grandes dilemas interiores, devido a conflitos internos de valores. Certamente já passou pela situação de remoer um assunto por dias e ao conversar com outras pessoas teve o esclarecimento que precisava, muitas vezes sem decidir por fazer o que foi sugerido, mas pela oportunidade de ter uma visão diferente da situação.

Pensando nisso, estou inaugurando hoje a série de postagens chamada Carta ao Coachee, onde compartilharei com vocês histórias reais de pessoas que me procuraram, pessoalmente ou por email, para resolver situações complexas, porém comuns a muitas pessoas. Fique à vontade para compartilhar também sua história, através do site www.felipedalcarobo.com.br, onde há um campo com a pergunta "Qual o seu maior desafio atualmente?". Sua privacidade será mantida sempre em sigilo e a história só será publicada após sua autorização.

Sendo assim, vamos lá.

Há alguns dias recebi o seguinte contato, vindo de uma mulher:


Eu preciso ponderar entre o já conquistado e um novo desafio. 

Sou professora há sete anos, trabalhando tanto nas redes pública e particular e isso é a realização de um sonho de infância, pois desde os cinco anos de idade falava que queria ser professora. Então, fiz graduação, especialização e até mestrado na área. 

Devo dizer que obtenho sucesso e sou competente naquilo que faço. O problema é que não ando satisfeita com minha condição financeira e até mesmo a condição social de ser professor... muitas cobranças, alunos insatisfeitos e desmotivados, pais que só reclamam...enfim... e isso tudo me levou a tomar a decisão de há um ano fazer nova graduação, de Direito. 

Fiz dois semestres, porém fui acometida por uma doença que pegou a todos de surpresa. É tratável, curável, porém grave. E isso mexeu muito comigo e me fez pensar em muitas coisas, principalmente que o stress e a correria da vida de uma professora que, assim como eu as vezes precisa corrigir 500 provas em uma semana, não valem a pena. Colegas de profissão e elogios são importantes, mas dinheiro e tranquilidade também ajudam bastante. 

Então a questão agora é: vou seguir a carreira de advocacia e abrir mão de uma das escolas onde trabalho? Ou vou abandonar o Direito e apenas seguir trabalhando como professora, aceitando as condições dessa profissão? Uma coisa tenho em mente: não vai dar para continuar com TUDO o que eu estava fazendo, ou seja, trabalhando em duas escolas e estudando à noite, tendo que sacrificar todo meu tempo livre. Há outras coisas envolvidas nessa história, porém aí está o principal. Alguma sugestão?






Obrigado por compartilhar sua história. 

Em relação à sua insatisfação, quando olho para o salário do Neymar, realmente acredito que preciso reavaliar minha condição financeira :D Afinal, se tanta gente ganha tanta grana, porque me contentar com relativamente pouco?

O problema é que aí estaria sendo muito parcial ao responder e estaria caindo em clichês deploráveis. Então, é melhor repensar a pergunta e separar as coisas:

1. Por que ganho pouco? Se ganho pouco é porque meu preço é barato. Neymar ganha o que ganha porque é um dos melhores no que faz e toca muitas vidas através do seu trabalho. Ele cria resultados únicos, quantos Neymares existem? E você o que tem feito de extraordinário para ganhar mais? Conheço uma professora que se livrou de uma depressão e criou um negócio de dezenas de milhares de Reais por mês ensinando técnicas de aprendizado diferenciadas. Então a questão não é a sua área, é o que você tem feito na sua área que vai te permitir ganhar muito ou pouco. 

2. Para que você quer ganhar mais? O ser humano é um bicho estranho, nunca está satisfeito com o que tem. Isso na psicologia chamamos de adaptação hedônica, ou seja, o patamar de satisfação que você tem com uma conquista tende a diminuir e desaparecer com o tempo. Somando isso à obsolescência programada imposta pela indústria e teremos uma infinidade de bens de consumo à disposição para sempre termos onde gastar dinheiro e permanecer com algo que não é o top. Para fugir dessas armadilhas, temos que descobrir e valorizar o que realmente importa. Muitas vezes o que mais gostamos de fazer não nos custa nem um centavo, mas teimamos em querer fazer o que os outros esperam que façamos. 

Minha dica para você é aproveitar as férias para pensar melhor sobre tudo que tem acontecido, pensar em que tipo de futuro você quer para você e só então começar a pensar nos passos a serem dados. Pensar nos meios antes dos fins só vai gerar mais incerteza e muitas vezes fazer andar em círculos. Doenças não são nada mais do que um estado crítico, no qual nosso corpo físico grita por atenção para que vejamos aquilo que ignoramos em nossa mente por tanto tempo.

Tenho cliente, um empresário, que teve câncer há alguns anos. Antes disso ele vivia para o trabalho, sempre fazendo o possível e o impossível para satisfazer as expectativas dos outros, muitas vezes desrespeitando suas convicções para "colher frutos" no futuro. Até que quando ficou doente, percebeu que não colheria fruto algum, se não pudesse estar aqui quando a árvore estivesse grande. Foi então que mudou suas prioridades, valorizou mais a família e passou a ter um olhar mais humano para todos na empresa. Hoje ainda tem muitos desafios, talvez mais do que naquela época, mas ainda assim são raros os dias em que sai do escritório depois das 18:00.

Espero ter contribuído de alguma forma. Torço por você!

Grande abraço,

Felipe Dalcarobo


Fique à vontade para compartilhar também sua história, através do site www.felipedalcarobo.com.br, onde há um campo com a pergunta "Qual o seu maior desafio atualmente?". Sua privacidade será mantida sempre em sigilo e a história só será publicada após sua autorização.

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